segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Isso é CALYPSOOOOOOO!

Isso foi uma crônica que eu escrevi pra uma cadeira do curso de Jornalismo, em 2008. Foi feita bem de qualquer jeito (pra variar, eu tava sem saco p/ os trabalhos da faculdade), já vi que tem errinhos, mas reflete minha opinião sincera sobre o tema e, apesar de já fazer um tempo, ainda concordo com o que escrevi... enfim, tá aí:

Bem, estou aqui para defender a existência das coisas ruins. O que seria do mundo sem as coisas ruins? Vamos falar primeiro de música: sério, alguém imagina o mundo sem funk? Sem brega? Tá certo que em casa é muito bom você pegar a música “boa” que você quiser e ouvir. Mas, numa festa, TEM que ter música ruim! Uma festa não é festa se não tiver o momento de botar a mão no joelho, dar uma abaixadinha e ir mexendo gostoso, balançando a bundinha. Festa com música boa não tem do que rir.

Dia desses fui numa festinha que começou com música até boa. Uns dances internacionais. Só que “boa” é aqueles tuntz tuntz que você fica balançando um pouquinho, de repente começa a dormir em pé e dez minutos depois olha no relógio e diz “Danou-se! Ainda ta na mesma música?!”. Uma hora depois, quando o tuntz-tuntz acabou (eu não sei quantas músicas tocaram nesse tempo, para mim foi só uma), começou a parte trash. Do nada, eu olho pro lado, e todos aqueles zumbis levemente saltitantes surgidos com o tuntz-tuntz acordaram e começaram a dançar creu. Não é incrível como todo mundo sabe pelo menos parte da coreografia?? E mesmo que não saiba, todo mundo tem um repertório de passos de funk pra sair inventando sua própria dança.

E o que seria de nós sem o brega? Nesse caso, não falo nem só pela música, mas também pelas figuras que cantam. Digo logo que é muito bom você ver alguém com aquele cabelão super loiro e cheio e poder comentar “Meu deus, o que é aquele miojo na cabeça daquela menina? Parece a Joelma do Calypso”. Gente, brega é muito ruim. Mas eu já fui em show de brega que me rendeu muitos bons momentos rindo. Sem contar as tardes de nossa televisão, né? Quando você estiver num dia ruim, ligue a TV por dois minutos no programa de Denny Oliveira. Se você não rir, você é anormal, perdão. Pode ser maldade minha, mas cabeludos de chapinha, gordinhas semi-nuas, roupas cheias de paetês e umas cinquenta pessoas com kolene no cabelo cantando “Amor de rapariga não vinga, não, não tem sentimento, não tem coração...” é algo que todo mundo deveria ver pelo menos uma vez na vida.

Para vocês terem mais uma noção de até onde vai meu gosto pelo tosco, já passei uma hora inteira numa madrugada assistindo Polishop. Duas apresentadoras fazendo suquinho com comentários do tipo “Nooossa! Laranja, beterraba, macaxeira, abacaxi, pêra... que cores bonitas! Deve estar gostosa essa mistura, né, gente? Hmmmm, uma delícia!”, enquanto outra apresentava um incrível lençol que te dá a opção de qual lado você quer usar: o liso ou o estampado!! Nossa... Polishop para mim é tosco, mas tem que ser um verdadeiro artista para fazer cara de felicidade apresentando os produtos. Eu rio...e muito.

Tá certo que o que é ruim é relativo. Mas imaginem um mundo só com as coisas consideradas boas mesmo. Um mundo onde só existissem músicas com letras bonitas; onde a gente só fosse em festas curtir um MPBzinho ao vivo; onde a gente só ligasse a TV para se informar do mundo e enriquecer nosso conhecimento. Acho que não teria graça. É por isso que digo: não sei pra vocês, mas, para mim, o tosco faz a vida valer a pena.