terça-feira, 16 de abril de 2013

Um pouco sobre Porto Alegre...



Dia desses, vi um texto de um cara francês sobre vários detalhes aleatórios que ele percebeu ao vir ao Brasil. Resolvi fazer o mesmo com Porto Alegre, só para deixar registradas algumas impressões sobre a cidade, antes que eu me acostume tanto que tudo isso passe a ser normal p/ mim...


*   Em PoA, as pessoas se guiam pela estação do ano para escolher a roupa antes de sair de casa, não pela temperatura real. Se é inverno, deve-se usar casaco, mesmo que dê 30 graus. Se é verão, todo mundo sai de regata, mesmo que seja uma noite fria.

*    Em PoA (ou no RS?), as pessoas acham que churrasco só existe aqui. Ok, pode até ser mais comum aqui, mas comi churrasco a vida inteira em Recife! Desse mesmo jeitinho, tá? Churrasqueira, espetos, carne, sal grosso etc...


*       Em PoA, metade das palavras são faladas pela metade. As pessoas marcam de fazer um CHURRAS no FINDI, as minas levam REFRI e os caras levam a CEVA. Pior é que os garçons nem sequer me entendem de primeira quando peço um “refrigerante”, é anormal demais falar a palavra completa.

*        Aqui existem vários termos populares incompreensíveis para o resto do Brasil (eu acho). Cachorro vira-lata é “cusco”. Geléia é “chimia” (há quem diga que são coisas diferentes, mas todo mundo chama os dois de chimia mesmo). E a sensação maravilhosa de chegar na padaria e pedir um “cacetinho”(pão francês)??

 *        Aqui em PoA, as comidas são todas gigantes. É cachorro-quente com 50 tipos de recheios e 2 salsichas. É xis que se divide pra 4 pessoas. É pastel com 1,5kg de recheio. Não sei como metade da população não é obesa...

*         Já que mencionei, tem o tal do xis. Xis é pão, tomate, alface, milho, ervilha, salsa, tomate, maionese, mostarda, coração, calabresa, frango, filé... enfim, é pão com o que você quiser dentro! Desde que seja gorduroso e gigante (e delicioso).

  *       Aqui em PoA não tem praia. Por isso, sempre que vou para Recife, todo mundo me pergunta sobre as praias quando volto. A decepção é gigante quando digo que não, eu não fui pra praia. “Mas como assim tu foi pro nordeste e não foi pra praia???”. É tipo um gaúcho que mora fora vir pro RS nas férias e eu perguntar “Mas como assim tu não foi pra Gramado???”.

 *        Aqui no RS, as comidas têm época. Todo mundo chama de louco quem falar em tomar vinho ou comer feijoada no verão, porque são coisas de inverno. Engraçado é que eles mesmos vão pra rua num calor de 40º tomar chimarrão.

 *        Aqui eles realmente usam aquelas gírias típicas que conhecemos, como tchê, barbaridade, tri... mas não tanto como se pensa. Só o “bah” é que é bastante usado. Acho que o “bah” é 1 em cada 5 palavras que ouço aqui.

  *         Muitos aqui tem mania de usar umas expressões que comparam coisas que acho muito engraçadas. Se vêem um carro ocupando duas vagas no estacionamento, “esse aí estacionou que nem a cara dele!”. Se tem alguém meio perdido, “tá mais perdido que filho de prostituta em dia dos pais”.

  *        Qualquer nome de rua, prédio, praça etc que você ver no RS, que faça referência a algo ou alguém histórico que você não conhece, chute que é sobre a revolução farroupilha. 95% de chances de acertar.

*        Não sei se é porque estou acostumada com Recife, onde nunca tinha muitos shows, mas parece que toda banda do mundo vem pra Porto Alegre. Se você é fã de uma banda de rock pop grunge indie cigano funk de uma cidade do interior da Bélgica, não se preocupe: uma hora essa banda vai vir tocar aqui.

 *            Tudo que é legal é “afu”. O que é afu? É “afudê” reduzido. Aaaaaaaah tá, agora entendeu né...

 *        Aqui em PoA tem uma coisa muuuito boa que é uma lei municipal (acho que é lei municipal) que obriga o uso de fones de ouvido no ônibus. Mas tem também uma coisa muito ruim: ainda estamos no Brasil, onde leis não são cumpridas.

 *        Quem acha que gaúcho é bairrista, em geral, tem toda razão. A maioria tende a achar que tudo aqui é o melhor. Mas, ao mesmo tempo, eles mostram bastante interesse em coisas de fora. Nunca me senti discriminada por ser de fora, nunca percebi nenhum preconceito desse tipo. Pelo contrário, acho até que o fato de ser de fora me fez conhecer mais gente!

 *        Acho que o que me faz gostar daqui é o fato de ser um lugar bem "diferente", como o Nordeste. Um lugar com muita cultura, com gente receptiva. Antes de vir, admito que tinha um certo preconceito e receio de como seria minha vida aqui, mas... acho que PoA é bem afudê.